18 de fevereiro de 2011

HIGIENIZAÇÃO E LAVAGEM DAS MÃOS

LAVAGEM DAS MÃOS EM UM HOSPITAL ESCOLA




A revista Annals of Internal Medicine, de janeiro/99, publica um relato de Pittet e colaboradores em que estes examinaram quão freqüentemente os profissionais de saúde de um hospital-escola de Genebra (Suíça) lavavam suas mãos durante os cuidados de rotina prestados aos pacientes (Ann Intern Med 1999; 130:126-30). Na medida em que a maioria das infecções hospitalares são transferidas pelas mãos dos profissionais de saúde, este estudo assume grande significado para a saúde dos pacientes.
Em média, os profissionais de saúde desse hospital lavaram suas mãos em cerca de 48% das ocasiões. A adesão às normas sobre lavagem das mãos variou com o tipo de profissional de saúde, a enfermaria, o risco de contaminação e o "índice de atividade" (definido como o número de oportunidades de lavagem das mãos por hora e que, de fato, é uma medida da intensidade dos cuidados, ou da carga de trabalho), bem como com a hora e dia da semana.
Em geral, os enfermeiros lavaram suas mãos mais freqüentemente (52% das oportunidades) do que os médicos (30%), auxiliares de enfermagem (47%) e outros profissionais de saúde (38%). A unidade de terapia intensiva, onde os pacientes estão sob significativo risco de infecção hospitalar, apresentou a mais baixa freqüência de lavagem das mãos, e o Departamento de Pediatria a mais alta.
Surpreendentemente, houve uma relação inversa entre o risco de contaminação e o nível de lavagem das mãos: aqueles que executavam procedimentos de alto risco lavavam suas mãos em 38% das ocasiões, enquanto aqueles envolvidos em procedimentos de baixo risco fizeram uso das oportunidades de lavagem das mãos em 52% dos casos. O que causou maior preocupação, no entanto, foi a observação de uma correlação inversa semelhante entre o "índice de atividade" e a lavagem das mãos. Em outras palavras, quanto mais atarefado fosse o profissional de saúde, menor a probabilidade de utilização das oportunidades de lavagem das mãos.
A despeito dos dados sobre a baixa adesão às normas sobre lavagem das mãos, uma mensagem positiva deste estudo é a identificação de fatores específicos associados com a não-adesão. Assim, de acordo com os autores do estudo, as intervenções que "colocam o foco em enfermarias selecionadas, grupos de profissionais de saúde ou situações de cuidados ao paciente" são, provavelmente, as abordagens de maior efetividade.
Em editorial publicado no mesmo número (Ann Intern Med 1999; 130:153-5), o dr. John Boyce, do Miriam Hospital, sugere que se utilize a denominação "higiene das mãos" no lugar de lavagem das mãos, visando enfatizar que alternativas para a água e o sabão podem ser usadas para se esterilizar as mãos. Por exemplo, ele recomenda o uso de produtos (líquidos ou na forma de gel) à base de álcool que contenham emolientes e que possam causar menos dermatite (uma queixa importante em relação à freqüente lavagem das mãos com água e sabão), bem como o uso de agente anti-séptico sem água que possa propiciar uma limpeza mais rápida das mãos à beira do leito. Este último ponto é de vital importância para os profissionais de saúde mais atarefados, que devem lavar suas mãos 40 a 60 vezes por hora. Se, por exemplo, a lavagem das mãos demorar 30 segundos a 1 minuto, qualquer meio que economize minutos é significante. O mais importante, segundo Boyce, é que a administração dos hospitais deve implementar e apoiar estratégias que aumentem a higiene das mãos, incluindo programas educacionais inovadores, assim como monitorando e provendo retorno sobre a adesão às normas de lavagem das mãos.

Fonte: http://www.portalmedico.org.br/jornal/jornais1999/0299/MedMundo.htm

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